
Estas propostas - bastante controvertidas - são produto dos achados de arqueólogos que fazem escavações em Israel e arredores nos últimos 25 anos e que ganharam uma ampla aceitação entre os rabinos não ortodoxos. Claro que não houve ninguém com coragem para difundir estas idéias ou discuti-las com os laicos. Ao menos até agora.
A Sinagoga Unida do Judaísmo Conservador, que representa 1.500.000 judeus conservadores nos Estados Unidos, acaba de publicar um novo Torá (Antigo Testamento Judeu), a primeira para os conservadores em mais de 60 anos. Sob o nome de Etz Hayim (Árvore da Vida, em hebreu) oferece uma interpretação que incorpora os últimos achados da arqueologia, da filosofia, da antropologia e do estudo das culturas antigas. Para os editores que trabalharam no livro, representa um dos esforços mais sólidos feitos até o momento para introduzir uma visão da Bíblia, não como um texto divino, mas como um documento humano.
“Quando eu era pequeno, no Brooklyn, os fiéis não eram muito sofisticados. Hoje lêem muito sobre Psicologia, Literatura e História, mas continuam presos a uma versão infantil da Bíblia”, disse o rabino Harold Kushner, um dos editores do novo livro Etz Hayim, compilada por David Lieber, da Universidade do Judaísmo de Los Ângeles, que tenta mudar esta imagem: oferece o texto hebreu original, uma versão paralela em inglês, uma explicação página por página, comentários periódicos sobre a prática judaica e, ao final, 41 ensaios de rabinos e acadêmicos destacados sobre temas que vão desde o rolo do Torá e das leis de alimentação até a ecologia e a escatologia que, seguramente, surpreenderam a muitos fiéis. É o caso de um ensaio de Robert Wexler, presidente da Universidade do Judaísmo em Los Ângeles que, sobre base acadêmica moderna, estabelece que é improvável que a história da Gênesis tenha origem na Palestina. É mais provável, segundo Wexler, que tenha surgido na Mesopotâmia, cuja influência é mais evidente na história do dilúvio, que provavelmente foi conseqüência do transbordamento periódico dos rios Tigre e Eufrates. Igualmente fantástico, para muitos leitores, foi o ensaio “Arqueologia Bíblica”, de Lee Levine, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém: “As fontes egípcias não fazem nenhuma referência a que o povo de Israel tenha vivido nesse país... e a evidência que existe é insignificante e indireta”. E complementa que a escassa evidência indireta, como o uso de nomes egípcios “está longe de ser adequada para confirmar a história do relato Bíblico”. Ou seja, não existe na história egípcia nenhum dado que confirme que os judeus tenham sido escravizados pelo Egito (logo, o Êxodo passaria a fazer parte da lenda, assim como Abraão e Moisés).
A noção de que a Bíblia não é literalmente correta “é mais ou menos aceita pelos rabinos mais conservadores” observou David Wolpe, um rabino do Templo Sinai em Los Angeles e colaborador no livro Etz Hayim. “Porém alguns fiéis sentiram-se ofendidos”. Na Páscoa de 2002, em um sermão para 2.200 fiéis em sua sinagoga, o rabino Wolpe disse que “praticamente todos os arqueólogos modernos concordam que o relato da Bíblia sobre o Êxodo não reflete a maneira de como ele aconteceu na realidade, se é que aconteceu”. O rabino provocou, segundo suas palavras, uma “onda de desilusão” sobre a narrativa, incluindo contradições, improbabilidades, lapsos cronológicos e falta de evidências comprobatórias. Na realidade – disse - os arqueólogos que escavam no Sinai “não encontraram nenhum rastro das tribos de Israel, nem um só fragmento”.
A reação que o sermão do rabino provocou foi mista: muitos manifestaram admiração por sua coragem e outros tantos se mostraram indignados pela sua audácia. A massa de evidência acadêmica que questiona a narrativa do Êxodo tornou-se tão importante que as opiniões minoritárias transformaram-se em maioria. Mas não entre os judeus ortodoxos, que continuam considerando o Torá como a palavra Divina e inquestionável de Deus. Lawrence Schiffman, professor da Universidade de Nova Iorque e judeu ortodoxo, disse que Etz Hayim foi demasiadamente longe ao aceitar o “academicismo moderno” que, sem se dar conta, termina sendo “oposição nihilista” ao que crêem os judeus conservadores. Observou que a maioria das perguntas, sobre a precisão da Bíblia, tinha sido escondida no “pátio dos fundos” e que “a maioria dos fiéis que vão à sinagoga nunca irão buscá-las ali”.
Desde que foram publicadas, há alguns meses, Etz Hayim já vendeu mais de 100.000 exemplares (dados de 2003) e muitos esperam que se converta, finalmente, na Bíblia Oficial das 760 sinagogas conservadoras dos Estados Unidos. Sem dúvida, a longevidade do Etz Hayim talvez dependa do ritmo dos descobrimentos arqueológicos.
Por Michael Massing
E vocês, o que acham? Lembro que isto está sendo discutido entre os próprios judeus. Afinal, Abraão e Moisés eram judeus.
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A razão humana é essa verdadeira luz que esclarece todo homem que vem ao mundo (João, 1:9)
Êxodo da Bíblia. Arqueólogos contestam.
ResponderExcluirO relato da saída do Egito também é fictício.
Êxodo, não há nenhuma evidência de que vagaram pelo deserto do Sinai.
Abraão e os filhos de Jacó não têm qualquer fundamento histórico.
Moisés não existiu.
“A migração dos patriarcas Abraão, Isaac, Jacó, a épica saída do Egito do povo judeu que tinha sido reduzido à escravidão, e a conquista de Canaã, a terra prometida por Deus, realmente existiram? Há 50 anos os pesquisadores comparam a Bíblia com as descobertas mais recentes, e assim revolucionaram algumas certezas científicas ou teológicas estabelecidas desde a noite dos tempos. Zeev Herzog, professor de arqueologia na Universidade de Tel Aviv, salienta que “nenhum procedimento científico prova a realidade dessa saída do Egito, os longos anos de errância no deserto e a conquista da Terra Prometida.”
Essa versão já era difícil de engolir entre eles, judeus ultra-ortodoxos, mas como eles reagirão à leitura da magistral síntese de dois arqueólogos israelenses, Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman, que saiu na França sob o título de “La Bible dévoilée” ( “A Bíblia Desvendada”, editora Bayard). Há alguns anos, nos Estados Unidos, seu livro foi colocado no index, nos meios tradicionais, mas esse texto despertou um vivo interesse entre os judeus ortodoxos, liberais e leigos. Sua hipótese de trabalho revoluciona os estudos bíblicos.
Finkelstein e Silberman não têm a menor dúvida sobre a inautenticidade dos grandes relatos dos fundadores. Para eles, a Bíblia é uma genial reconstituição literária e política de toda a história do povo judeu, que corresponde ao surgimento do reino de Judá (reino israelita do sul) como potência regional no século 7 antes de Cristo. Uma época em que o reino de Israel (reino israelita do norte) outrora mais prestigioso que Judá, passou ao domínio da Assíria vizinha e quando o império assírio iniciou seu declínio.
Sob, Josias, rei de Judá de 640 a 609 antes de Cristo, os textos bíblicos compilados se tornaram instrumento de uma nova religião: um único povo (judeu); um único rei (reunificação dos reinos de Israel e Judá); um único Deus (o verdadeiro início da idéia monoteísta); uma única capital, Jerusalém, e um único templo, o do rei Salomão. São o centro da nova lei consignada no Deuteronômio.
É uma chave revolucionária de interpretação da Bíblia a proposta por eles, que relêem o grande livro sagrado partindo dos relatos dos Reis, dos Profetas e do Deuteronômio, até os textos mais antigos, e, portanto mais duvidosos especialmente o do Êxodo. E estabelecem a coerência entre o Deuteronômio e os primeiros livros do Pentateuco (Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio), relatos transmitidos através dos séculos, desde a família fundadora de Abraão até a nação judia e a época dos reis. Relatos lendários ampliados, embelezados para servir ao projeto do rei Josias de reconciliar os dois reinos israelitas e se impor diante dos grandes impérios regionais, Assíria, Egito e Mesopotâmia.
https://pt.scribd.com/document/254516265/58-Arqueologia-Comprova-Maior-Parte-Dos-Fatos-Sao-Lendas-e-Mitos
https://pt.scribd.com/doc/254515027/57-Arqueologos-Contestam-o-Exodo-Da-Biblia